quarta-feira, 8 de abril de 2009

Poltergeists

Estes fantasmas barulhentos podem ser criados pelo subconsciente


A 16 de Setembro de 1612, François Perrault, um francês de Micôn, na Borgonha, regressou a casa após uma ausência de cinco dias e encontrou a mulher e a criada muito alarmadas; enquanto ele estivera fora, a casa fora palco de incidentes bizarros. Madame Perrault tinha sido incomodada por uma presença invisível que puxava as cortinas da sua cama. Ouviam-se fortes ruídos noutras salas, e a louça, talheres e outros utensílios eram atirados pela cozinha. Perrault não encontrou sinais de intrusos e apresentou o caso aos sacerdotes da sua igreja e a um advogado. Todos visitaram a casa de Perrault para assistir aos fenómenos.

Havia uma voz que mantinha longas e sarcásticas conversas com quem estava na sala, contando pormenores da vida da família que só os presentes conheciam e descrevendo com precisão factos ocorridos noutros lugares. O malicioso espírito cantava canções obscenas ou imitava vozes dos vivos. Passados três meses, os fenómenos cessaram sem razão aparente. Durante os últimos 12 dias, de manha à noite, a casa foi bombardeada com pedras. Contudo, não houve danos graves e ninguém ficou ferido.

Porque ocorreram tais factos? Perrault interrogava-se se a origem da situação estaria nas circunstâncias que rodeavam a própria casa. Ele tinha-a comprado após a morte dos anteriores proprietários, o que implicara o despejo de Guillauma Blanc, filha deles. Ela ameaçara Perrault de forma tão violenta que o tribunal emitira uma ordem para impedir que ela se aproximasse. Perrault também pensava que a criada da mulher poderia estar envolvida, pois dizia-se que ela era uma feiticeira, e a sua atitude para com o espírito era de grande familiaridade. Quando a voz se metia com ela, ela respondia-lhe no mesmo tom. Mas poderia esta rapariga, por muito astuta que fosse, enganar tantos cidadãos inteligentes e respeitáveis durante três meses sem nunca levantar suspeitas?

O caso Macon contém quase todos os ingredientes de um clássico caso de Poltergeist – incidentes inexplicáveis de natureza travessa ou maliciosa, um indivíduo que parece estar no centro dos acontecimentos e circunstâncias passadas que poderiam ter desencadeado a situação. O termo alemão «Poltergeist» significa «fantasma barulhento», e as suas características mais comuns são objectos atirados, maus cheiros, pedras lançadas, interferências com aparelhos eléctricos, sons leves ou estrondos, chamas, objectos partidos e portas e janelas que se abrem. Os episódios de Poltergeist duram de umas horas a vários meses, começando e parando bruscamente. Os fenómenos associados raramente prejudicam gravemente os vivos.

Os cépticos afirmam que os Poltergeists podem ser alucinações, coincidências ou partidas. De facto, alguns casos supostamente provocados por Poltergeists são sem dúvida falsos, como o de Cock Lane, Londres. Contudo, relatos de testemunhas oculares afastam por vezes quaisquer hipóteses de falsificação. Em 1850, numa casa de Stratford, Connecticut, EUA, mobílias e objectos domésticos deslocavam-se no chão ou voavam pelo ar. Durante meses, ocorreram centenas de incidentes, testemunhados por amigos da família e vizinhos, mas nunca foi encontrada explicação para o caso.

Qualquer que seja o nome: Alguns investigadores pensam que um Poltergeiste é uma poderosa força psíquica que pode ser transmitida pela mente de alguém que esteja a passar por uma crise psicológica – talvez uma tentativa de libertação de hostilidade, frustração, tensão ou outras formas de cólera através de actividade psicocinética subconsciente. Poucos investigadores põem em causa o carácter paranormal dos Poltergeists. Alguns preferem usar o termo PCER – psicocinética espontânea recorrente –, mas a força que faz que as mesas deslizem pelo chão ou que os pratos voem pelo ar continua a ser um mistério, seja qual for o nome que se lhe dê.



Um espírito enfim em repouso


A 16 de Fevereiro de 1525, Adrien de Montalembert, esmoler e pregador de Francisco I de França, foi chamado para aconselhar sobre o que se devia fazer com um espírito na Abadia de St. Pierre, em Lyon. A perturbação da ordem normal começara certa noite, quando uma freira de 18 anos, Antoinette de Grollée, acordou convencida de que alguém levantara o seu véu, fizera o sinal da cruz na sua testa e beijara os seus lábios. Decidiu que o incidente fora um sonho, mas, passados poucos dias, ouviu pequenas pancadas que pareciam provir de 10 cm abaixo do solo.

As pancadas seguiam Antoinette por toda a parte. Mais tarde, foram identificadas com o espírito de Alis de Telieux, uma freira que fugira com algumas relíquias e que, depois de a Regra Beneditina se ter tornado menos rígida, em 1516, levaria uma vida turbulenta, embora breve, graças aos proventos da venda daquelas. A jovem Antoinette teria sonhado muitas vezes com Alis, que morrera na miséria em 1524.

As freiras desenterraram o corpo de Alis e levaram-no para o convento, mas as pancadas tornaram-se mais frenéticas. Adrien de Montalembert interrogou o espírito e sugeriu que se recorresse ao exorcismo. O espirito respondeu às suas perguntas por meio de pancadas correspondentes a «sim» ou «não». Adrien escreveria: «Ouvi essas pancadas muitas vezes e, em resposta as minhas perguntas, assim eram dadas tantas pancadas quantas eu pedira.» Mais tarde, Montalembert confirmaria que as pancadas davam respostas que nenhuma pessoa viva poderia conhecer.

A última aparição do espírito perturbado deu-se a 21 de Março de 1526, festa de S. Bento. Durante a refeição ouviram-se 33 pancadas vindas da parede do refeitório – e não de debaixo do soalho, como em ocasiões anteriores. Segundo a interpretação das freiras, os 33 anos de purgatório de Alis tinham sido reduzidos para 33 dias, o que parecia ter sido confirmado por uma luz brilhante que surgiu e se manteve durante vários minutos.



Vingança em Woodstock


Oliver Cromwell desempenhou um papel de primordial importância durante a Guerra Civil de Inglaterra e foi um dos signatários da sentença de morte de Carlos I. O governo da Commonwealth, que ele dirigiu como lorde protector entre 1653 e a data da sua morte, em 1658, estabeleceu parlamentos regulares, uma constituição e liberdade religiosa em Inglaterra.

Quando os enviados de Cromwell chegaram ao Palácio de Woodstock, perto de Oxford, em Outubro de 1649, a fim de avaliarem o património real antes de procederem à sua venda, depararam com um ataque de Poltergeist, acompanhado de aparições de fantasmas. A população local garantia que os agentes do Parlamento tinham provocado aquele fenómeno ao cortarem e queimarem, para sua própria comodidade, um carvalho alvo de grande veneração e estimado por Carlos I.

Enquanto os homens examinavam documentos, um cão preto atravessou o palácio, virando móveis, e ouviram-se passos por toda a casa. Os papéis foram atirados ao ar e rasgados, e os tinteiros, derramados, o que dificultou o trabalho dos agentes. Em seguida, os toros do carvalho do rei, colocados ao lado da lareira, transformaram-se em perigosos projécteis. Os problemas persistiam durante a noite. Os agentes foram atacados na cama por assaltantes invisíveis, e os vidros das janelas do palácio foram estilhaçados por pedras e ossos de cavalo.

Estes enviados eram homens mal-intencionados que pretendiam ficar com grande parte do património para si. Como nem sequer confiavam uns nos outros, fizeram um acordo secreto que esconderam dentro de um vaso, sob as raízes de uma laranjeira. Ninguém mais, para além dos conspiradores, sabia da sua existência e ainda menos da sua localização. Por isso, não é de admirar que os emissários tenham fugido quando o vaso que tinham escondido começou a libertar vapores sulfúreos e depois se incendiou com uma chama azul à vista de todos. Este episódio foi relatado no panfleto do reverendo Thomas Widdowes O Demónio Justo de Woodstock, publicado para mostrar a justiça da causa do falecido rei. A Guerra Civil (1642 – 1651) dividira a sociedade inglesa. Utilizava-se o ocultismo para interpretar as virtudes e defeitos do conflito, e estudavam-se presságios para encontrar respostas. A destruição do carvalho de Woodstock simbolizava a execução de Carlos I, a 30 de Janeiro de 1649. As assombrações apoiavam a noção de que Deus protegia os bons e que os malvados teriam fim prematuro – ou, pelo menos, sofreriam horrivelmente.



O demónio tocador de tambor de Tidworth


O estranho caso do demónio que tocava tambor em Tidworth, Inglaterra, provocou tal agitação no reinado de Carlos II que este nomeou uma comissão para investigar o assunto.

Em Março de 1661, John Mompesson, magistrado em South Tidworth, ordenou a prisão do músico ambulante William Drury e a confiscação do seu tambor. Mompesson prometeu devolver o tambor se Drury fosse julgado inocente. Mas a acusação foi retirada, e Drury foi libertado e desapareceu sem o tambor.

No mês seguinte, enquanto Mompesson estava em Londres, o tambor foi enviado para sua casa. A sua mulher ficara em casa e, nessa noite, ficou alarmada ao ouvir barulhos, convencendo-se de que a residência estava a ser assaltada. Três noites depois, já regressado, Mompesson também referiu ouvir «pancadas e um rufar de tambor no cimo de sua casa».

Daí a um mês, o rufar de tambor no telhado tinha parado, mas depois começou a ouvir-se vindo do quarto onde o tambor estava guardado. Depois, a mobília começou a ser arremessada de um lado para o outro, as tábuas do soalho voavam e as roupas da cama eram arrancadas durante a noite. As camas das crianças erguiam-se debaixo delas, e mãos invisíveis puxavam-lhes os cabelos e batiam-lhes nas pernas. Os criados também foram aterrorizados.

Mompesson disse tratar-se de bruxaria, mas quando o «espírito» se recusou a agir em frente dos emissários reais, correram rumores de fraude, que o magistrado, zangado, negou.

Mas nem todos aceitaram a hipótese de fraude. Joseph Glanvill, filósofo e membro da recém-fundada Royal Society, publicou um relato daquilo que testemunhara. Glanvill conta no seu Saducismus Triumphatus, de 1681, também conhecido por Bruxas e Bruxaria, que ouviu arranhar atrás de uma almofada, seguindo-se um ruído como o de um cão a arfar debaixo da cama em que estavam deitadas «duas modestas meninas». Ele e um companheiro fizeram uma busca no quarto, mas não descobriram nada fora do comum. Mais tarde, viu qualquer coisa – que pensou ser uma ratazana ou um rato – que se movia dentro de um saco de roupa, mas quando olhou este estava vazio.

Em 1663, William Drury foi preso em Gloucester por roubo. Aí, perguntou a outro homem se este ouvira falar de um rufar de tambor em casa de um cavalheiro de Tidworth. «Fui eu que o atormentei», disse, «e ele nunca terá sossego enquanto não me tiver pedido desculpa por ter levado o meu tambor.»

Drury foi julgado por bruxaria e deportado. Os distúrbios cessaram enquanto ele esteve fora do país, mas recomeçaram quando conseguiu regressar, e continuaram durante vários anos. O relato de Glanvill não diz como terminou a história do demónio tocador de tambor de Tidworth.




O pai da investigação psíquica


Joseph Glanvill, o filósofo e clérigo inglês que foi capelão de Carlos II, investigou – e testemunhou – o estranho rufar de tambor em Tidworth entre 1662 e l663. Devido à sua aturada investigação deste caso, Glanvill é considerado o pai da moderna investigação psíquica. Embora, segundo os padrões modernos, os seus argumentos pareçam ingénuos, ele foi o primeiro a avaliar sistematicamente as provas de um caso de assombração ou de Poltergeist.

O seu relatório sobre o tambor de Tidworth é a peça central do seu livro Saducismus Triumphatus, publicado em 1681, embora a primeira parte da obra tenha aparecido sob um título diferente em 1668. O livo foi reimpresso pelo menos sete vezes. Cada capítulo opõe-se a um argumento apresentado por cépticos contra a existência de fantasmas, bruxas e outros espíritos. Glanvill escreveu: «O mundo actual (científico) trata todas essas histórias com risos e sarcasmos ... como uma perda de tempo e histórias de comadres.» A segunda parte do livro apresenta pormenores de mais de 20 casos.

Glanvill foi um anacronismo numa época de racionalismo crescente. Ele acreditava firmemente que podia provar que Deus e os espíritos existiam através do estudo do mundo natural, ao contrário do seu contemporâneo René Descartes, que colocava Deus e os espíritos fora do mundo físico. Em Scepsis Scientifica, publicado em 1665, Glanvill atacou o racionalismo e defendeu a ciência experimental e a liberdade de pensamento. Dedicou o seu livro à Royal Society, da qual se tornou membro em 1664.

A cuidadosa investigação feita por Glanvill conquistou o respeito do cientista irlandês Robert Boyle. Em 1667, Boyle fez notar que, embora 19 em cada 20 casos de bruxaria e magia possam ser inventados, um único relato «plenamente comprovado e devidamente verificado» é uma prova que enfraquece os argumentos dos ateus.




A bruxa dos Bell do Tennessee


O mistério da bruxa que assombrou a família Bell é um dos mais famosos da história americana. Começou em 1817, quando John Bell, do Tennessee, começou a ver cães espectrais e aves gigantes na sua propriedade. Tiros de espingardas não conseguiram dispersá-los. Depois, durante um ano um Poltergeist atormentou John e Lucy Bell e os seus oito filhos. Ouviam pancadas e raspadelas do lado de fora de casa. Dentro, parecia-lhes ouvir ratazanas gigantes a roerem as colunas da cama e a arranharem as tábuas do soalho. Os cobertores caíam das camas, e os seus ocupantes, adormecidos, eram acordados à bofetada ou mãos invisíveis puxavam-lhes os cabelos. A maior parte desta actividade centrava-se em Betsy Bell, de 12 anos. Alguns pensavam que ela estivesse subconscientemente ressentida com o seu pai e se tivesse tornado num agente de Poltergeist.

As manifestações transformaram-se em assobios e depois em palavras. De início, a voz afirmava ser «de toda a parte, Céu, Inferno e Terra. Encontro-me no ar, dentro das casas, em todo o lugar ao mesmo tempo. Fui criada há milhões de anos. Só isto vos posso dizer». Mais tarde, o espírito anunciou que era «a velha Kate Batts, bruxa, e estou determinada a assombrar e a atormentar o velho John Bell enquanto ele viver». Segundo uma versão, Kate tinha feito um negócio pouco satisfatório com John Bell e agora procurava vingar- -se. Além disso, Kate, ou a bruxa dos Bell, era profética. Terá predito a Guerra Civil Americana e as duas guerras mundiais do século XX. A sua fama espalhou-se de tal modo que o presidente A. Jackson decidiu visitar a quinta dos Bell acompanhado de um exorcista. Contudo, depois de ter tentado atingir Kate com uma bala de prata, o exorcista foi esbofeteado por forças invisíveis e fugiu rapidamente daquela casa.

Os problemas agudizaram-se quando Betsy começou a namorar um rapaz chamado Josh Gardner. Aparentemente, Kate não aprovava tais encontros. A situação culminou em Dezembro de 1820, quando, depois de uma série de doenças pelas quais Kate se afirmava responsável, John Bell caiu num estado de estupor de que nunca recuperaria. Depois da morte de John Bell, os tormentos diminuíram, até que Betsy anunciou o seu noivado com Josh. O recomeço dos ataques levaram-na a romper o noivado e a casar com outro homem. Então, de súbito, Kate jurou desaparecer durante sete anos. Quando voltou, como prometera, o seu regresso foi mantido oculto dos vizinhos, e passadas duas semanas as manifestações terão cessado.



A vingança do feiticeiro


O caso do espírito de Cideville, em França, passou-se entre a Igreja como instituição e um simples camponês, e o julgamento não explicou vários episódios estranhos.

Em Fevereiro de 1851, o sacerdote da aldeia de Cideville censurou a família de um velho que estava gravemente doente por consultar um pastor local que tinha reputação de curandeiro e mago. O sacerdote troçou do homem devido aos seus métodos primitivos, sem saber que ele estava escondido dentro da casa. Quando o sacerdote saiu, o feiticeiro, zangado, jurou que havia de se vingar. Quando mais tarde foi preso por outra razão, o pastor pediu a Thorel, também pastor e feiticeiro, que o vingasse.

Pouco tempo depois, Gustave Lemonnier, de 12 anos, e Clément Bunel, de 14, os dois alunos do sacerdote, dirigiam-se à casa paroquial para as suas lições da tarde. Desencadeou-se de súbito uma tempestade fortíssima e ouviram-se pancadas violentas por toda a casa. Passados uns momentos, tudo ficou calmo, ouvindo-se apenas estranhas pancadinhas nas paredes do escritório.

Os sons continuararn durante vários dias, e eram tão fortes que se ouviam na outra extremidade da aldeia, a uma distância de 1,5 km. Depois, a situação piorou. A mobília movia-se sozinha; os cães eram atirados ao ar, pedaços de carvão, espalhados pela casa. O livro de orações do sacerdote levantou voo e depois aterrou suavemente. Todas as vidraças da casa paroquial se partiram.

Fazendo perguntas para serem respondidas por pancadas – uma para «sim», duas para «não» –, os aldeãos ficaram a saber que um demónio chamado Robert e quatro outros espíritos estavam a viver naquela casa. Quando as pessoas se aproximavam de forma amigável, Robert lia os pensamentos dos presentes e profetizava acontecimentos futuros. Milhares de testemunhas presenciaram essas estranhas ocorrências.

O sacerdote acusou Thorel de ter provocado os problemas, e os aldeãos persuadiram este a processar o sacerdote por difamação. Apareceram 42 testemunhas durante a audiência. Muitas sentiam-se embaraçadas em falar acerca do que tinha acontecido, mas o advogado de Thorel encorajou-as, esperando pôr a ridículo toda a situação. A táctica falhou. O tribunal convenceu-se da seriedade dos episódios relatados, e muitas testemunhas confirmaram que Thorel se gabara publicamente de que tinha de facto conjurado tudo o que sucedera – ruídos, mobília em movimento, janelas estilhaçadas.

O juiz decidiu que, por Thorel ter confessado a sua responsabilidade, não tinha base de acusação contra o sacerdote, devendo por isso pagar as custas do julgamento. A determinação da causa das ocorrências não era assunto para os tribunais. E quando os dois rapazes deixaram de frequentar a casa paroquial, os problemas cessaram.



Diabrete à solta


Em 1878, Daniel Teed, de Amherst, Nova Escócia, Canadá, vivia numa moradia de dois pisos com a mulher, Olive, os dois filhos pequenos, o irmão dela, as suas duas irmãs, Esther e Jennie, e ainda um irmão dele – ao todo oito pessoas.

Certa noite, Esther, de l9 anos, acordou Jennie aos gritos dizendo que tinha um rato na cama. Na noite seguinte, ouviu-se restolhar dentro de uma caixa que estava debaixo da cama, e a caixa começou a saltar. Passadas duas noites, os gritos de Esther acordaram a família, que se precipitou para o quarto, deparando com a rapariga de olhos esbugalhados e o rosto vermelho-carmesim. Horrorizados, viram o corpo de Esther a inchar e ouviram um som como o ribombar de um trovão.

Quando a cena se repetiu, passadas quatro noites, o médico local, Dr. Carritte, foi chamado. Quando este examinava Esther, a almofada desta elevou-se no ar e atingiu-o no rosto. Ele ouviu arranhadelas na parede e viu a mensagem garatujada: «Esther Cox! Tu és minha e vou-te matar.» Mais uma vez se ouviram trovões e caiu estuque do tecto. Mais tarde, apareceram outras mensagens escritas no chalé, muitas vezes com a simples assinatura de «Bob».

Correu a notícia dos acontecimentos. A electricidade era a novidade científica da época, e um ministro da Igreja Baptista, o reverendo Dr. Edwin Clay, concluiu que o corpo de Esther estava carregado de electricidade. Os trovões, dizia, acompanhavam pequenas descargas de relâmpagos libertadas pela sua «bateria» orgânica.

Esther afastou-se da família durante algum tempo e a paz voltou. Após o seu regresso, porém, o irritável «Bob» ameaçou incendiar a casa! Deflagraram pequenos e inexplicáveis fogos, e embora os bombeiros suspeitassem de fogo posto, não conseguiram provar nada. Depois, Walter Hubbell, empresário local, apresentou Esther em palco, esperando tirar partido das actividades do «espírito». Contudo, Bob recusou-se a actuar, e os espectadores exigiram a devolução do dinheiro. Após mais alguns incêndios, Esther voltou a afastar-se, e as perturbações cessaram. Em seguida, um celeiro da sua nova casa incendiou-se, e ela foi condenada a quatro meses de prisão por ter ateado o fogo.

Alguns peritos referem que os sentimentos reprimidos de Esther podem tê-la transformado num foco involuntário de energia psicocinética. A casa superlotada poderia perfeitamente ter provocado uma grande tensão, emocional e sexual, e ela estava na idade associada a tais distúrbios paranormais. Mais tarde, Esther casou e Bob seguiu o caminho da maior parte dos Poltergeists, ou diabretes, regressando ao silêncio de onde saíra.

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