quarta-feira, 8 de abril de 2009

Visões da Virgem

Tem sido referidas muitas destas visões, mas poucas foram declaradas autênticas



Uma pastora, Bernadette Soubirous, não foi a primeira criança a dizer que tinha falado com Maria, Mãe de Jesus. Dois jovens pastores de vacas, Melanie Calvat e Maxamin Giraud, referiram uma visão ocorrida em 1846 em La Salette, nos Alpes Franceses, que foi a primeira de tais aparições a ser oficialmente reconhecida pela Igreja.

Rapariga de 14 anos que vivia pobremente, Bernadette não identificou as primeiras visões com a Virgem. Quando, a 11 de Fevereiro de 1858, viu «uma coisa branca, com forma de mulher ou rapariga», numa gruta aberta no rochedo de Massabielle, em Lourdes, a figura foi identificada como a de uma rapariga que morrera no ano anterior. Só mais tarde a visão foi aceite como a Virgem Maria, e só numa das últimas aparições, a 25 de Março, a figura disse: «Eu sou a Imaculada Conceição.»

Em França e noutros lugares: Milhares de pessoas viram Bernadette a ter visões em 18 ocasiões, e centenas assistiram à sua descoberta da nascente de água que actualmente constitui a base do Santuário de Lourdes. Contudo, ninguém partilhou as suas visões. Os videntes são muitas vezes crianças, e é vulgar que as outras pessoas presentes não vejam nem ouçam nada. Em Pontmain, França, crianças da aldeia tiveram uma visão de Maria à noite, no céu, a 17 de Janeiro de 1871. À volta da figura apareceram palavas que pareciam predizer a retirada inesperada do exército alemão. Contudo, não foi só em França que ocorreram tais visões. Em Fátima, a 13 de Maio de 1917, três crianças, de 10, 9 e 7 anos de idade, apascentavam ovelhas quando viram «uma senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol». Lúcia, a mais velha, escreveu um relato passados vários anos, atribuindo à figura as seguintes palavras: «Sou do Céu ... Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora.» Prometeu ainda um milagre para Outubro. Milhares de pessoas reuniram-se para a última aparição, a 13 de Outubro, depois da qual muitas referiram ter assistido a uma misteriosa rotação do Sol.

Na Bélgica, crianças relataram uma série de experiências tidas em Beauraing entre 1932 e 1933, e Mariette Beco, de 11 anos, encontrou-se oito vezes com a Virgem Santíssima em Banneux no ano de 1933. Seguiram-se visões semelhantes em Itália, Estados Unidos e Sibéria. Aparições extraordinárias ocorreram sobre o telhado da igreja copta de Zeitoun, subúrbio do Cairo, entre 1968 e 1971. Uma estátua luminosa cercada por uma auréola deslizou pelo telhado, por vezes inclinando-se e movendo as mãos. Também foi referida uma revoada de «pombas luminosas». Estavam presentes cerca de 100 000 pessoas, mas só relativamente poucas viram qualquer coisa de excepcional, enquanto outras tiveram as visões de forma intermitente. Foram tiradas fotografias, mas a maior parte são de má qualidade.

Visões recentes: Estas estão muitas vezes ligadas à política religiosa ou nacional. Quatro crianças de Garabandal, Espanha, tiveram visões entre 1961 e 1965 e referiram avisos de castigos pela conduta humana. As visões de seis crianças em Medjugorje, perto de Citluk, na antiga Jugoslávia, começaram em 1981 e tem continuado de forma intermitente. Vários segredos revelados às crianças foram transmitidos ao Vaticano. Alguns referir-se-iam à guerra civil. A Igreja Católica investiga as visões mais plausíveis através de procedimentos demorados – poucas tem sido consideradas autênticas. O dogma católico estabelece que as visões não são fantasmas, mas fenómenos místicos permitidos por Deus.

Muitas vezes, são trazidos doentes e inválidos para o local da visão. Em Lourdes, 58 curas foram reconhecidas como milagres pela Igreja. Um desses casos envolveu Alice Couteault, de Le Puy-Notre-Dame, França que sofria de esclerose múltipla. Durante a Procissão do Santíssimo Sacramento, a 16 de Maio de 1952, sentiu subitamente que tinha de se levantar da cama. No dia seguinte, foi examinada por médicos em Lourdes, que a consideraram curada. No ano seguinte, a cura foi declarada miraculosa pelas autoridades da Igreja. Se tais recuperações resultam de milagre, fé ou autocura, continuam a ser objecto de debate. O que não pode ser contestado é o facto de que realmente acontecem.



A Virgem das Rosas

Era o Inverno de 1531, 10 anos depois de Hernán Cortés ter devastado a cidade de Tenochtitlan. Em seu lugar, os Espanhóis tinham erguido a Cidade do México e, para garantir o poder e difundir a sua fé, destruído os templos e santuários da antiga religião.

Juan Diego, de 50 anos, era um dos milhares de astecas que se tinham convertido ao cristianismo. Certo dia, encontrando-se no alto da colina Tepeyac, a norte da Cidade do México – antigo local de um templo dedicado a Tonantzin, deusa asteca da terra e do milho –, teve a visão de uma bela jovem cercada por uma névoa dourada. A mulher recomendou-lhe que fosse ter com o bispo e lhe dissesse que ela era a Virgem Maria e que queria que construíssem uma igreja naquele local. Receoso, Juan foi à Cidade do México, onde o bispo Juan de Zumarraga o escutou com simpatia, mas não convencido.

De regresso a casa, Juan voltou a subir a colina Tepeyac. A mulher estava à espera e pediu-lhe que tornasse à presença do bispo. O homem assim fez, mas Zumarraga disse que a aparição teria de dar um sinal. Perplexo, o índio transmitiu a mensagem à misteriosa mulher.

No dia seguinte, quando Juan se aproximou da colina, a mulher apareceu-lhe de novo. «Sobe ao cume», disse-lhe, «e leva ao bispo as rosas que ali crescem.» O índio estava certo de que não ia encontrar rosas. Não era o local indicado nem a estação própria para rosas. Contudo, encontrou algumas, e a mulher dispô-las no tilma, um manto que ele usava.

Quando Juan abriu o tilma diante do bispo, as rosas caíram em cascata para o chão, e no tilma estava gravada a imagem de uma bela mulher. Convencido, o bispo ordenou imediatamente a construção de uma igreja sobre a colina Tepeyac, e a aparição tomou o nome de Virgem de Guadalupe, em honra de um santuário mais antigo existente em Espanha.

A Virgem que produzira rosas no Inverno tornou-se padroeira do México. Em 1538, a sua imagem milagrosa já ajudara a converter ao cristianismo oito milhoes de índios. O tilma de Juan Diego encontra-se exposto, emoldurado a ouro, na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, uma nova igreja construída sobre a colina Tepeyac, terminada em 1976. Se bem que alguns historiadores pensem que a imagem da Virgem foi forjada para ajudar a difusão do cristianismo, a imagem, intacta, continua a ser venerada, sobretudo a 12 de Dezembro, aniversário do milagre.




Cromwell tem uma visão

Diz-se que antes de se tornar lorde protector de Inglaterra, em 1653, Oliver Cromwell teve algumas experiências paranormais – embora algumas histórias sejam pura invenção, como aquela em que o Diabo teria aparecido numa tapeçaria do quarto onde ele nasceu, em 1599.

Segundo o seu biógrafo W. Hazlitt, Cromwell era «um rapaz resoluto e activo ... com maior capacidade do que inclinação para estudar». Certo dia, estava ele deitado na sua cama, melancólico, quando de súbito as cortinas se abriram e apareceu uma mulher. Ela disse que Cromwell viria a ser o maior homem de Inglaterra, mas sem mencionar a palavra «rei».

Cromwell contou a visão ao Dr. Beard, o seu severo professor puritano, que o chicoteou. O seu tio Steward, de Ely, disse-lhe que era traição contar uma visão assim, mas no futuro Cromwell havia de a descrever muitas vezes.

O Dr. Simcott, médico de Cromwell, refere que aos 20 anos ele tinha depressões frequentes, temia a morte e tinha «fantasias» acerca da cruz da cidade. O fantasma que aparecera junto à sua cama poderá ter regressado ou sido chamado de novo. Pouco depois, Cromwell tornou-se puritano.




As visões de George Washington


Os primeiros dias da Revolução Americana foram um tempo difícil para o general George Washington. Certa tarde de Inverno, no Vale Forge, Pensilvânia, em 1777, estando ele a escrever um despacho, sentiu de súbito um «ser lindíssimo» de pé a seu lado. Uma voz misteriosa disse-lhe: «Filho da República, olha e aprende», e através de uma névoa Washington viu os continentes do Mundo. Um ser moreno e angélico aspergia os Estados Unidos e a Europa com água do oceano, e uma nuvem formou-se entre ambos e depois moveu-se para ocidente, envolvendo a América, enquanto se ouviam gritos e gemidos do povo americano.

Teve ainda outra visão – de cidades que brotavam nos Estados Unidos. Aproximou-se um espectro vindo de África, e os habitantes da América começaram a lutar uns contra os outros. Um anjo com uma coroa de luz que ostentava a palavra «União» cravava uma bandeira no solo da nação dividida e dizia: «Lembrai-vos, sois irmãos.»

A terceira visão de Washington consistiu em exércitos vindos da Europa, Ásia e África que devastavam todo o país, até que «uma luz semelhante a mil sóis» brilhou e fez desaparecer outra nuvem escura que envolvia a Terra. O anjo aspergiu de novo o continente com água do oceano, a nuvem afastou-se e espalharam-se cidades por toda a América. Antes de desaparecer, o visitante garantiu a Washington que «nem todo o Mundo junto conseguirá vencer a república.»

Estas visões parecem representar a Revolução, que já tinha começado, a Guerra Civil e um terceiro conflito que envolvia armas nucleares. A história de Washington foi contada por Wesley Bradshaw, editor da revista National Stripes, que a ouviu em 1859 a Anthony Sherman, de 99 anos, dois anos antes do início da Guerra Civil. Sherman disse que tinha combatido ao lado de Washington durante a Guerra da Revolução e afirmou que só ele sabia do incidente. Bradshaw terá provavelmente duvidado do relato, pelo menos de início, pois só o publicaria em 1880.
A Guerra Civil terminara havia 15 anos – mas a era das armas nucleares ainda não tinha alvorecido.

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