quarta-feira, 20 de maio de 2009

Rabdomancia

Um Dom por Explicar

A rabdomancia não serve só para seguir o rasto de assassinos; na verdade, são inúmeras as substâncias encontradas com o auxílio de varas bifurcadas de aveleira, freixo, sorveira-brava ou salgueiro, ou metal, barbas de baleia ou plástico. Alguns rabdomantes conseguem praticar a sua arte com cabides, e pêndulos oscilando sobre mapas podem substituir as varas usadas ao ar livre.

A rabdomancia é praticada desde a Antiguidade na China e no Egipto. Moisés revelou ter poderes divinatórios ao obter água para os Israelitas batendo com a sua vara numa rocha. Os rabdomantes da Cornualha, na Grã-Bretanha, já na época pré-cristã encontravam estanho e chumbo.

Uma das descrições mais antigas que se conhecem de um rabdomante à procura de metais encontra-se num tratado sobre mineração do século XVI, De re metallica (Acerca do Metal), da autoria do alemão Georgius Agricola. Este aspecto perturba particularmente os cientistas. Embora se possa aceitar que um rabdomante reaja a indicações subtis sobre a existência de correntes de água subterrâneas, é dificil entender como funciona esse contacto com substâncias inertes, permitindo mesmo distinguir metais. Contudo, a baronesa de Beausoleil, entusiástica rabdomante francesa, escreveu em 1640 que tinha localizado filões de ouro, prata, cobre, chumbo e ferro.

Parece provável que Jacques Aymar tenha detectado o rasto dos assassinos através de alguma capacidade psíquica, servindo a sua vara apenas como extensão de um poder interior. Agricola afirmava que, como a vara se agita com algumas pessoas e com outras não, o fenómeno deve resultar de uma qualidade pessoal.

Contudo, os rabdomantes tem procurado distanciar-se de qualquer sugestão de técnica paranormal, tentando estabelecer a sua arte sobre uma base científica. No entanto, os seus esforços tem fracassado. Em 1981, Paul Sevigny, presidente da Sociedade Americana de Rabdomantes, foi submetido a uma experiência, mas os resultados não pareceram melhores do que puro acaso. No entanto, ele insistiu que, se tivesse de encontrar água em condições reais, conseguiria fazê-lo.

Não se sabe se os rabdomantes tem um sexto sentido inexplicável ou uma capacidade natural de detectar radiações emitidas por certas substâncias, mas é certo que tem obtido resultados em situações reais, e hoje a rabdomancia é uma profissão respeitável. Além de encontrarem água e metal e de ajudarem a encontrar criminosos, os rabdomantes tem localizado jazidas de petróleo e indicado o lugar de minas e armadilhas escondidas em zonas em guerra.


Vara para achar criminosos

Um comerciante de vinhos e sua mulher foram mortos na sua adega em Lyon, França, às 10 da noite de 5 de Julho de l692. Os assassinos roubaram o dinheiro e fugiram sem serem vistos.

Um vizinho das vítimas lembrou-se de um operário chamado Jacques Aymar, que tinha o dom de seguir o rasto de criminosos com uma vara de detecção. Aymar disse que ia seguir os assassinos a partir do local do crime com a mesma vara, ou baguette, que usava para encontrar água e tesouros escondidos.

Na adega do comerciante, Aymar sentiu-se perturbado. O seu ritmo cardíaco acelerou, e a vara que tinha nas mãos agitou-se quando ele se colocou no local onde os corpos tinham sido deixados. Tendo recebido a «impressão» de que precisava, partiu com dois companheiros, percorrendo a margem do rio Reno até uma estalagem de província, onde a vara o conduziu a uma mesa à volta da qual disse que tinham estado sentados três homens. O estalajadeiro confirmou que três viajantes tinham de facto bebido da garrafa indicada por Aymar. O vedor, ou rabdomante, apontou então outras pousadas onde os vilões tinham dormido e tomado as suas refeições.

O rasto acabou por levar Aymar à prisão de Beaucaire, onde um corcunda de 19 anos tinha acabado de ser preso por roubo. O jovem negou ter alguma vez estado em Lyon, mas, ao ser levado até lá, ia sendo reconhecido nos pontos onde parara pelo caminho como tendo estado aí com mais dois homens. Finalmente, admitiu que esses dois o tinham contratado como criado. Em Lyon, o homem continuava a negar a sua participação nas mortes.

Aymar seguiu os delinquentes por mar e por terra até ao porto de Toulon. Navegando para leste ao longo da costa, encontrou os portos onde os assassinos tinham aportado, mas a perseguição teve de terminar, pois os fugitivos haviam chegado a Génova, em Itália, que estava fora da jurisdição francesa.

O corcunda foi condenado à morte. A caminho do cadafalso, pediu perdão às vítimas e admitiu que o assalto tinha sido ideia sua.

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